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Sócrates (XVIII)

Resumindo e concluíndo: entrevista encomendada. super tendenciosa. encomendada claramente por Relvas. Relvas tentou aniquilar Sócrates mas saiu a culatra a Relvas. Relvas aproveitou a Páscoa para tentar fazer a paixão de Sócrates à sua maneira. Verdade seja dita. Sócrates não é um amador neste tipo de coisas. Esquivou-se a Vitor Gonçalves como pode, com a garra no discurso que sempre o caracterizou. Não há pergunta que incomode a Sócrates, mesmo que a sua resposta seja interrompida a cada 3 segundos. O truque jornalistico do costume. O truque político do costume. E Sócrates saiu reforçado na opinião pública, estou em crer.

Sócrates tocou na ferida quando falou do Presidente da República. Verdade seja dita, o nosso PR incentivou o máximo que pode ao derrube do seu governo. As pressupostas escutas tornaram-se hoje caso de polícia. O incentivo aos jovens para se manifestarem, numa situação governativa e numa situação conjuntural do país na altura 10 vezes menor do que a que encontramos hoje com o governo do PSD e do CDS, e o adjacente silêncio de Cavaco nesta legislatura mostram a má fé do chefe do estado perante o seu antigo primeiro-ministro. Aquele discurso de tomada de posse diz tudo sobre esta questão.

É certo que a crise prejudicou em muito a 2ª legislatura de Sócrates. A crise da dívida aniquilou qualquer rumo económico que este pudesse vislumbrar para o país. No entanto, a falência das seguradores Norte-Americanas e a sua contaminação à banca e à economia europeia não explicam tudo. Os problemas estruturais da economia portuguesa e do estado português não explicam aquilo que a crise dos subprimes per si não explicaram. Não explicam a ganância da gestão de Oliveira e Costa no BPN. Não explicam a ganância, a invenção de lucros por parte da tutela da propriedade da Sociedade Lusa de Negócios, não explica muito menos os anos e anos de falhas de supervisão tanto por parte de Constâncio no BdP como do seu saudoso Ministro Teixeira dos Santos na CMVM. Não explicam aquilo que a Europa desde meados da década de 90 nos avisava: cuidado que depois deste esforço para por o défice das contas públicas nos conformes para a entrada no euro, nem tudo vos será permitido. Cuidado que a entrada no euro do vosso país terá que ser acompanhada de reformas de modernização da vossa indústria e do vosso sector público. Cuidado com os erros de regulação económica e financeira. Nós, Portugueses, sempre tivemos a crença que entrando no euro tudo nos seria permitido e sempre tivemos a crença que alguém na Europa nos iria salvar em situações problemáticas. Sempre tivemos a crença que bastava uma palavrinha na Comissão Europeia e no Banco Central Europeu para a resolução dos nossos problemas, sendo-nos permitido continuar com uma política despesista excessiva para as nossas reais capacidades. Os nossos loucos anos 90 passaram. Contudo, Sócrates provou e bem que nenhum dos anos em que esteve na governação criou tanta dívida como aquela que foi contraída para o país nos anos de Passos e Gaspar. Factos são factos, partidarismos à parte.

Voltando ao início da entrevista, creio que Sócrates voltou a reforçar a sua veia mentirosa quando afirmou que não voltou ao país para se candidatar a qualquer cargo político. Não é verdade e Seguro deve ser o dirigente político mais nervoso nesta noite. Aliás, tem-se notado de facto nos últimos dias que o Partido Socialista rapidamente se arregimentou com o regresso daquele que ficará para a história como um dos seus mais icónicos líderes. Figuras de proa dos últimos 20 anos no partido rapidamente voltaram à cena. Falo de Jorge Coelho, de António Vitorino, de Maria de Lurdes Rodrigues (agora muito publicada no Jornal Público que desde sempre foi o grande aliado na comunicação social do Partido Socialista) Correia de Campos – ou seja – todos os socratistas puros reapareceram em cena e deram uma clara amostra de força: o líder não veio visitar a família, o líder não veio passear, o líder não veio só comentar. o líder veio para voltar aquilo que tem direito, a liderança do PS.

O PEC IV. Sócrates tem toda a razão quando afirma que não lhe deram tempo nem espaço para aplicar o PEC IV. Se bem se lembram, o primeiro opositor ao PEC IV foi precisamente o chefe supremo do Banco Espírito Santo Ricardo Salgado. Foi Ricardo Salgado o primeiro a gritar alto e bom som à Europa que Portugal não conseguiria manter-se durante mais tempo nas situações em que estava sem auxílio externo. Foi o mesmo Ricardo Salgado que afirmou que a banca portuguesa teria que ir pedir batatinhas ao estrangeiro para se manter sustentável. O mesmo Ricardo Salgado, até hoje, manteve o seu discurso intacto com sucessivos financiamentos ao seu banco nos mercados para evitar a tomada de posição neste por parte do estado com recurso a fundos estrangeiros. Não me interessa debruçar muito sobre esta questão, estando o PEC IV como mote deste parágrafo. Interessa dizer que Sócrates começou mal esta questão e o PEC IV não foi aplicado devido a problemas com a legitimidade. Se bem me lembro, Sócrates foi de urgência a Bruxelas apresentar o PEC IV sem o comunicar ao Presidente da República e ao Parlamento. Nessa questão, Sócrates aniquilou qualquer legitimidade democrática que poderia existir sobre o plano. E acirrou claramente o Presidente da República que já estava de pé atrás em relação ao seu governo.

Para finalizar, o humor. Os termos de austeridade à bruta, o desconhecimento em relação a António Borges, a narrativa, o epá deixe-me falar, as questões de honestidade intelectual, “o parem de escavar”, as citações filosóficas em que Sócrates denota claramente que anda a estudar forte e feio em Paris e para finalizar a última, a melhor, o crédito sem garantias pessoais para viver em Paris que mais se assemelha a um crédito para estudantes da Caixa Geral de Depósitos.

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fico incrédulo

O Departamento de Justiça Norte-Americano lançou uma investigação contra a agência de rating Standard & Poor´s que visa apurar as responsabilidades desta numa eventual fraude na crise dos sub-primes em 2007 por “considerar que a agência de rating ignorou as fragilidades dos investimentos em produtos financeiros hipotecários durante o período que antecedeu a crise económica de 2008.”

Devo considerar que acho este pedido de investigações no mínimo caricato. Devido a certos pontos:

1. O Governo Norte-Americano usa e abusa das suas agências de rating para defender os seus interesses económicos nacionais. Tanto podemos ver a agência em causa a dar rating de Triple-A a produtos financeiros que não merecem esse rating devido ao risco de incumprimento que subjaz e a manter o rating da dívida alemã no referido rating sem que a economia alemã cresça a um nível que possa tornar essa dívida pagável, como podemos ver as agências de rating a afundar os países da zona euro a partir do rating da sua dívida para que o euro desvalorize em relação ao dólar e para que os sectores produtivos europeus se tornem menos competitivos nos mercados em relação aos seus homólogos americanos e para que a especulação possa fazer aumentar os juros da emissão de títulos de dívida e os investidores mundiais possam sugar esses mesmos estados até ao tutano como é o caso da dívida pública portuguesa.

2. Porque é que o Departamento de Justiça Norte-Americano, em relação a estes produtos financeiros e à especulação que foi feita em seu torno, não lança uma investigação detalhada às autorizações dadas pela Reserva Federal no último mandato de Alan Greenspan e à falta de supervisão económica da mesma agência? Afinal de contas parece que já foi provado que foi a FED que deu autorização à transacção em mercado de certos produtos (com um risco de incumprimento que jamais teriam o rating de Triple-A) cujos responsáveis sabiam perfeitamente (no caso de activos tóxicos do mercado imobiliário) que seriam negócios que iriam dar para o torto.

No entanto, os responsáveis da FED sempre poderão alegar isto: (vide declarações de Greenspan a meio do vídeo para o documentário de Charles Ferguson “Inside Job”)

3. Greenspan, hoje conselheiro económico do Primeiro-Ministro Britânico irá alegar que “não, não tinha conhecimento profundo sobre os CDS” (credit default swap) que os bancos e as seguradoras Norte-Americanas (entre as quais aquela cuja falência despoletou a crise de 2007, a Lehman Brothers) e “não, não sabia que os activos tóxicos emitidos por essas entidades iriam ser negócios ruinosos”. A fraude não reside apenas nos comportamentos especulativos tomados pela agência de rating em questão. Tenho como dado adquirido que a culpa desta fraude é partilhada com a Reserva Federal Norte-Americana.

4. Concluo portanto que a justiça norte-americana sofreu interferências do poder executivo para de uma vez por todas oferecer como bode expiatório para o que passou em 2007 as agências de rating. Não deixa de ser, no mínimo, caricato.

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macrocorporações

Na Standard & Poor´s, o corte do rating dos EUA  já fez estragos. A McGraw-Hill, empresa que detém o controle da agência de rating Norte-Americana, anunciou a mudança de presidência na mesma. Devem Sharma deverá ser substítuído dentro de 2 semanas por Douglas Peterson, actual CEO do Citibank N.A, maior banco de uma das maiores macrocorporações do mundo, o Citygroup.

Sabendo da existência clara de promiscuídade e rotatitividade nos membros do governo norte-americano e das grandes macrocorporações mundiais, esta rotação na presidência da Standard & Poor´s não se trata de nem mais nem menos do que uma manobra do governo Americano, de tentar contornar não só a descida de rating da qual foi alvo, como evitar a possibilidade de uma nova descida de rating. A dificuldade acrescida que o país sente no que toca à sua dívida e até à sua liquidez para investir, exige portanto, que se ponham homens de confiança nestes postos.

À boa maneira macrocorporativista Norte-Americana.

Com a descida de rating dos EUA, o feitiço virou-se contra o feiticeiro.

Quando as agências cortam os ratings dos países europeus, os Estados Unidos olham para os cortes como problemas que devem ser resolvidos pela Europa. Quando cortam o rating dos EUA, há que investigar quem ataca a Nação. A doutrina moderna dos Norte-Americanos é recheada de complexos de inferioridade. “São os países que nos querem atacar o país (países emergentes) e os terroristas que ameaçam o nosso país”. Ao lado dos EUA, todos os países são maus, alguns deles vivem apenas com o interesse de derrubar os Estados Unidos

A grande dor de cabeça surge quando a dificuldade vem de dentro do país e o próprio governo tem que levantar alguns cadáveres do passado para conseguir defender os interesses dos seus.

As investigações no caso da Standard & Poor´s assumiram um patamar bastante interessante. Pela primeira vez, o aparelho estatal norte-americano está interessado em saber quem inflacionou a nota das obrigações hipotecárias designadas como subprimes, principal causa da falência em 2008 da Lehman Brothers e de outras instituições de cariz financeiro.

O que é engraçado em toda esta história é o facto de alguns elementos importantes na gestão destas macrocorporações e até algumas entidades com responsabilidade na vigilância do sistema económico e financeiro dos EUA,  ainda há poucos meses terem afirmado publicamente que não viam qualquer ilegalidade neste negócio de subprimes e até considerarem que as agências de rating estavam a promover um investimento que seria proveitoso para todos, quando todos sabiamos de antemão que os subprimes eram um investimento de altíssimo risco. Alan Greenspan, antigo presidente da Reserva Federal Norte-Americana foi um dos que considerava o investimento fidedigno e não via um risco tão elevado na assumpção do investimento. Greenspan foi também um dos maiores culpados na crise.  Falamos de alguém cujo currículo traz agregado um salto de várias macrocorporações directamente para os organismos com responsabilidade de supervisão da economia norte-americana: Greenspan assumiu cargos na Aluminium Company of América, JP Morgan, Morgan Guaranty Trust Company e na Mobil.

As agências de rating, como seria de esperar, desempenhavam o papel de proliferadoras da vontade de investir. Na altura, não estavam interessadas no corte do rating de um país em franca ascenção com os novos truques de investimento no mercado e a especulação tinha a conivência dos principais orgãos supervisores da economia norte-americana, orgãos esses constituídos por antigos elementos das grandes corporações, que por sua vez, eram as maiores interessadas no sistema especulativo. 

Actualmente, o corte no rating virou o feitiço contra o feiticeiro. As agências de rating deixaram de apoiar o investimento na dívida norte-americana e no próprio país. Os subprimes passaram ao passado que a economia mundial ainda está há 3 anos a tentar esquecer. As agências de rating passaram de aliadas a inimigos, mas pelo meio já ajudaram a enterrar a europa. Agora, são modificadas, são adulteradas a favor do macrocorporativismo norte-americano e são investigadas.

São assim as macrocorporações norte-americanas… 

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Blame Greece!

Alan Greespan, antigo governador da Reserva Federal Norte-Americana afirmou hoje que a situação actual da economia Grega pode provocar uma nova recessão nos Estados Unidos da América.

Uma nova recessão? Um país que está à beira de “default” nas contas públicas não pode ser considerado um país em recessão?

É interessante constatar as palavras de quem já não se lembra (talvez os 85 anos actuais de Greenspan lhe toldem a memória) que há uns anos atrás (não é preciso recuar muito na história) foi um dos rostos da JP Morgan, um dos grandes grupos responsáveis pela crise bolsista de 1987, motivada pela especulação e as suas falhas na supervisão nos negócios dos grandes grupos económicos Norte-Americanos no mercado dos derivados nos casos da Goldman Sachs, AIG, Lehman Brothers, JP Morgan e Meryll Lynch.

Nas duas crises, não foram só os Estados Unidos que entraram em recessão, mas sim, todo o mundo.

A teoria das “economias nacionais interligadas entre si” é uma teoria que serve para o bem e para o mal: no passado serviu na perfeição os interesses imperialistas Norte-Americanos. Actualmente, pode ser um dos motivos de crise. Para os economistas Norte-Americanos é mais fácil explicar a sua própria recessão colocando defeitos noutros países do que nos seus próprios defeitos: as sucessivas políticas externas que alimentaram vastas máquinas de guerra, as falhas na supervisão dos negócios especulativos ruinosos dos seus maiores grupos financeiros (será que se pode considerar falhas, omissões ou operações consentidas mesmo sabendo risco que esses negócios trariam à economia mundial?).

Já agora que menciono o caso Grego, não foi a Grécia mais um dos países “ajudados” por aquele organismo democrático saído do Acordo de Bretton Woods? Não deveria com efeito a “ajuda” colocar nos eixos a Economia Grega? Não é esse organismo sinónimo das sucessivas correntes teóricas da economia aplicadas na Economia Norte-Americana e matriz de implantação para o comportamento económico a adoptar por parte dos restantes Estados Mundiais?

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Bail-out

Os coveiros da actual fase do capitalismo uniram-se para tramar o povo português.

Os Bancos Portugueses nunca lucraram tanto como em alturas de crise. Nunca receberam tantos impostos como nesta crise. Os seus responsáveis nunca foram criminalizados pelas acções danosas das suas gestões. Nunca pagaram os impostos que lhe eram devidos, portanto, acabam por não ser aqueles que pagam esta crise.

As agências de rating. A sua visão exterior à economia de um determinado país é semelhante à visão que os agentes do FMI têm sobre as mesmas e partilham dos mesmos vícios de Bretton Woods na sua extrema aversão à intervenção estatal na economia e na confiança cega na auto-regulação dos mercados. O Triple AAA à toa foi uma das causas desta crise assim como a criação dos famosos CDO´s e das contras apostas que eram feitas ao mesmos, motivos das falências da Lehman Brothers, da Meryll Lynch e da AIG.

É mais que altura da União Europeia colocar mão na sua actividade. Como? Criando a sua própria agência de rating interna.

O imperialismo Alemão e Francês na zona euro. Perigoso. Usam-se de subsídios aos países periféricos para poderem instituir lá as suas multinacionais pagas a salário mínimo. Tão depressa instalam uma fábrica como depois a retiram para um país onde a mão de obra seja mais barata. O exemplo Alemão é o mais crasso. Um país cuja história recente abunda de ajuda externa solidária (pós 2ª Guerra Mundial queda do muro de Berlim) não é capaz de agir solidariamente perante os seus parceiros periféricos europeus, num dos pilares institucionais que constituem propósito da fundação da Comunidade Económica Europeia, agora União Europeia a 27.

Os Governantes Portugueses. As péssimas soluções políticas que apenas castigaram o povo português. As péssimas aplicações dos fundos comunitários. As sucessivas derrapagens nas contas públicas. As sucessivas derrapagens na gestão das empresas públicas e as grandes remunerações dos seus gestores sem que no entanto tenham demonstrado resultados convincentes. As sucessivas trapalhadas do Banco de Portugal na regulação económica. Compensação? Vitor Constâncio no BCE. Uma auditória independente às contas públicas portuguesas será o móbil exacto para finalmente se conhecer a verdadeira história do trajecto do Constâncio.

Tudo isto gerou um bail-out há muito esperado.

Ainda não sabemos em que moldes será pedida a ajuda externa. Ainda não sabemos as condições em que nos será gerada essa mesma ajuda. Temos apenas por consciência que a mesma não será benéfica para o povo. Esperam-se tempos ainda mais difíceis para o país.

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