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milagres

o meu pai é fã do Liverpool. relembra-lhe os tempos do Souness (diz que foi o grande médio do futebol britânico porque foi o primeiro, na década de 80, a mudar o paradigma de actuação dos médios britânicos de um futebol onde estes só se limitavam a cabecear bolas para um futebol de classe com a bola no chão), do Fagan, do Paisley, do Keegan, do Rush, do Dalglish e de outros grandes baluartes da história do clube. compreendo. a mística imanente aos Reds é coisa de se bradar aos céus.

apesar do meu coração “futebolisticamente falando” no futebol britânico morar em Londres (mais precisamente em White Hart Lane), graças a um senhor chamado Jurgen Klinsmann e derivado da sua passagem pelo Tottenham Hotspur Football Club a meio da década de 90,

assisti a um duelo de Liverpool (em Goodison Park) entre Everton e Liverpool.

sinto um carinho especial pelo Everton. não só para fazer pirraça ao meu pai. pela história recente do clube.

david moyes era um modesto treinador em 2002. treinava o Preston North End, equipa que tem militado nas últimas décadas entre a 2ª e a 3ª divisão do futebol inglês. iniciava a sua carreira enquanto treinador.

até que, em 2002, é chamado para levantar o Everton, clube que estava completamente chacinado por uma má gestão financeira (na altura tinha um passivo superior a 150 milhões de euros) e por uma ambição muito escassa (na corda bamba entre a 1ª e a 2ª divisão)

moyes chegou ao clube com vários handicaps. o primeiro, acima de tudo, o facto de ser escocês. os segundos, acima citados.

a direcção do Everton aguentou o quanto pode para preservar as vedetas da companhia: os escoceses David Weir e Duncan Ferguson, o Português Abel Xavier, o italiano Alessandro Pistone, o Dinamarquês Thomas Gravesen, o Francês David Ginola, os Suecos Niklas Alexandersson e Jesper Blomqvist, o velho Gaza (Paul Gascoine) e o Americano Joe-Max Moore. e moyes, lentamente, foi catapultando o Everton para lugares nunca obtidos na história do clube, que culminaram inclusive numa qualificação histórica para as pré-eliminatórias da Liga dos Campeões em 2005\2006.

moyes fez milagres. para além de ter levantado um clube, o Everton é um dos bons centros de bom futebol em inglaterra. são incontáveis os grandes jogadores que saíram das mãos de moyes, podendo citar alguns: Wayne Rooney, Thomas Gravesen, Tony Hibbert, Mikel Arteta, Tim Cahill, Marcus Bent, James Beattie, Per Koldrup, Simon Davies, Andy Johnson, Jack Rodwell, Phil Jagielka, Steven Pienaar, Yakubu, Joleon Lescott, Leighton Baines, John Ruddy, Marouane Fellaini, José Baxter e Nikica Jelavic. Todos estes jogadores chegaram ao estatuto de internacional pelas suas selecções, sendo que a história em alguns casos reza que alguns chegaram a Goodison Park como jogadores sem qualquer mercado na europa. outros como Rooney ou Lescott, atingiram grandes clubes mundiais depois de terem passado por Moyes.

Ouvi Sam Allardyce, actual treinador do West Ham, dizer numa conferência de imprensa que o que é bom nunca “sai da premier league” – referia-se a Arsène Wènger. e tinha razão. Moyes é o exemplo de quem orienta um clube há precisamente 10 anos, sem pressões que visem obter resultados de topo e sem nunca ter pendido sobre si uma ameaça de despedimento. No entanto, o Everton nunca esteve (c0mo tinha estado antes) em risco de despromoção na era Moyes. e isso por si é um feito.

eu e o meu pai vimos o derby de Liverpool. cada um a torcer pelos seus gostos. terminou empatado como se quer. a 2 bolas, com um enorme espectáculo.

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